Maria Rita Pais e Rui Nogueira Simões
Arquitectura pós-Inquérito em Portugal: entre a Finlândia e o Mediterrâneo.
Em meados do século XX, em Portugal, a abstratização da arquitectura moderna tendeu para objectualizar a obra diminuindo o contacto físico com a envolvente, através de uma certa elevação do solo e vivência mais contemplativa. A arquitectura vernacular, por seu turno, aproveita as condicionantes do terreno de forma funcional, incluindo inúmeros dispositivos espaciais para este relacionamento: varandas, pátios, terraços, pérgolas, etc.
Serão estas alterações fruto apenas do estudo à arquitectura popular? A arquitectura popular publicada no Inquérito não apresenta a organicidade que muitas das obras dos arquitectos desta época revelam. Além disso, são muitas as evidências a outras influências, viagens (Hestnes, 1957-1958), publicações (Casabela nº356, 1960) e exposições (Arquitectura Finlandesa, SNBA, 1960).
O estudo comparativo com algumas casas de Alvar Aalto revela as influências directas deste arquitecto em algumas obras de arquitectos portugueses deste período. O estudo tem em consideração a leitura mediterrânea da proposta de Aalto e as suas implicações na aceitação no âmbito português. A leitura apresenta um conjunto de estudos espaciais e formais que comprovam a génese fundamental desta relação com envolvente.